Ao longo dos últimos anos os trabalhadores do transporte público e região têm mantido seus direitos e conquistado reajustes salariais sempre com reposição da inflação ou acima dela. Isso é resultado da força e união da categoria, e são fruto de um sindicato forte, unido e organizado, com a participação dos trabalhadores e trabalhadoras.
Mas o cenário para os trabalhadores em geral no país é completamente desfavorável. Mais da metade dos acordos e convenções coletivas feitos em 2021 foram com reajustes abaixo da inflação, conforme informações da Fipe. No ano anterior, o índice foi parecido, com 47,4% com perdas para a inflação. E isso é uma tendência iniciada em 2019.
Não bastasse isso, ainda temos um desemprego que chegou ao recorde de 14,7% neste ano, mesmo com as leis que retiraram direitos com a falsa promessa de que aumentaria as vagas no mercado de trabalho.
Juntamente com essa fragilidade no poder de negociação dos trabalhadores, as mudanças ocorridas na aposentadoria terão consequências desastrosas no futuro. Além de aumentar a idade limite para aposentadoria, de 60 anos para mulheres e 65 para homens, o tempo de contribuição foi estendido e o cálculo faz com que o benefício seja cada vez mais achatado.
Mas como foi possível chegar a esta situação, depois de tantas batalhas e conquistas ao longo de décadas? A resposta é simples: há poucos parlamentares representantes dos interesses do trabalhador. A maioria serve a interesses do mercado, dos patrões, e defendem reformas que prejudicam cada vez mais a população.
A mudança é possível, mas depende da conscientização dos trabalhadores. Estamos chegando mais uma vez a um período eleitoral, pouco mais de um ano. É a chance que temos para uma reação, senão continuaremos a ver cada vez mais avançarem sobre nossos direitos. Lembre-se: por pouco não passou neste ano a proposta que criava uma modalidade de contratação sem direito a 13º e Fundo de Garantia. A emenda foi aprovada na Câmara dos Deputados, mas derrubada no Senado. Se não tivermos representantes do povo no Legislativo, a proposta pode voltar e ser aprovada, prejudicando ainda mais os trabalhadores.